Economicamente pode-se afirmar que, até o momento, o Brasil teve quatro grandes fases: unicamente agrário; economia voltada para mineração; com indústria de bens não duráveis e agricultura voltada para a exportação do café; industrializado com bens duráveis e com agroindústria exportadora. Cada uma dessas fases teve suas peculiaridades, mas, em nenhum momento da história o Brasil teve tantas possibilidades quanto a que se vive atualmente.
Brasil agrário exportador:
Primeiramente, o Brasil enquanto império tinha sua economia totalmente voltada à agricultura exportadora, seja de cana-de-açúcar, algodão ou até mesmo café (no fim do segundo império). Aqui, até a vinda da família real (1808), era proibido de se produzir bens industriais pois o Brasil era mera colônia de Portugal e a metrópole não queria concorrência com seus produtos.
Brasil voltado para Mineração:
Esse é o momento em que são descobertas riquezas minerais onde hoje se encontra o estado de Minas Gerais (1709-1789). Praticamente a economia açucareira entra em declínio com a concorrência na América Central forçando a economia a voltar-se totalmente para a mineração. Aqui ocorre o marco inicial do desenvolvimento da Região Sudeste do país. Logicamente, ouro e prata não brotão em árvores e chegaria o momento em que as riquezas acabariam. Esse momento ocorreu na transição do primeiro reinado para o período regencial.
A república, o início da industrialização e o café:
A vinda da família real (fugindo de Napoleão) permitiu um primeiro avanço no Brasil em termo de produção independente. As manufaturas estavam liberadas e isso fomentou as economias locais. Mesmo assim a industrialização só começou a ocorrer com os incentivos do Barão de Mauá, que, além de iluminar o Rio de Janeiro, ainda construiu as primeiras ferrovias do Brasil no fim do segundo reinado.
Esse momento de transição de império para república marca o nascimento da industrialização brasileira, que só iria alavancar na Era Vargas. Porém, essa indústria brasileira foi tímida por várias décadas pois o Brasil teimava em centralizar sua economia em um único commodity, o café.
Mas o "rei café" sucumbe à crise de 29 forçando o Brasil a investir definitivamente na industrialização. Alguns fatores ajudaram a nossa industrialização, como as guerras mundiais que fomentaram a chamada política de substituição de importações. Essa política consistia no seguinte: A classe média e alta brasileira estavam acostumadas com o luxo dos produtos vindo do exterior (eletrodomésticos, carros etc.), mas as guerras mundiais fizeram os países da Europa deixarem de produzir tais produtos. O Brasil tinha que produzi-los para abastecer seu mercado interno, e assim o fez.
Vargas ainda investiu pesadamente na indústria de base brasileira (Petrobras, Companhia Siderúrgica Nacional, vale do Rio Doce etc.) mas, mesmo com todos esses investimentos, nossa indústria ainda não era de ponta. A maioria da nossa produção ainda era de bens não duráveis.
Brasil com industrialização definitiva e agronegócio:
Para mudar essa situação Juscelino Kubitschek permite a entrada de multinacionais montadoras de automóveis no Brasil e esse é o marco de uma nova era que começaria a absorver tecnologia de fora e produzir bens duráveis de alta qualidade. Estava instaurado o modal rodoviário como matriz de transporte no Brasil (o que aumenta o custo Brasil até hoje).
Com a crise de petróleo em 1973 os governos militares investem no Pró-álcool e na nova fronteira agrícola, implantando no Brasil o agronegócio (agricultura que usa: maquinário de alta tecnologia, biotecnologia, defensivos agrícolas e tem sua economia voltada para exportação). O Brasil cresce muito com essas atitudes e com o controle da inflação com o Plano Real a economia finalmente se estabiliza.
Momento atual e o aumento dos impostos sobre os carros importados:
Como se vê, o Brasil teve que percorrer uma longa trajetória para chegar ao patamar que está hoje, o de um país industrializado, com agricultura exportadora de alta tecnologia, participante do BRIC (grupo de países emergentes com Brasil, Rússia, Índia e China), com a possibilidade de se tornar o 6º maior produtor de petróleo do mundo (caso as expectativas sobre o pré-sal estejam corretas), acolhedor dos dois maiores eventos esportivos do mundo (jogos Olímpicos e Copa do Mundo de futebol) além de não sofrer grandes impactos com a atual crise econômica mundial.
Hoje o Brasil, estando nessa realidade econômica, pode barganhar economicamente junto à outros países. A notícia de que serão aumentados os impostos sobre automóveis importados é extremamente satisfatória para o país, afinal, se é do interesse de algum país vender seu automóvel no Brasil (que apresenta um ótimo mercado consumidor), que produza-o aqui gerando emprego e renda para os brasileiros. Outro fator importante dessa vinda de montadoras para o Brasil é a assimilação de tecnologias pela nossa mão-de-obra.
Em suma, o Brasil já tem moral para se impor sobre outras economias, afinal, somos o seleiro do mundo na produção de alimentos e temos uma economia estável com grande mercado consumidor. Já estava mais que na hora de iniciarmos nossas queixas histórias para com as atitudes das economias estrangeiras. O mundo tem que aprender a respeitar o Brasil se quiser uma parcela do nosso mercado consumidor.