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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A volta do Keynesianismo


É interessante como a economia se transforma e ao mesmo tempo continua com as mesmas características do passado. A história econômica no século XX se mostra como um efeito "sanfona", se expandindo e retraindo ao longo das décadas.
Se analisarmos o início do século, o Fordismo - usando das máximas do Taylorismo - vinha produzindo em massa superabastecendo o mercado. Porém, esse tipo de produção viria a ruir em meados da década de trinta com a crise de 29. Até então reinava o Liberalismo, que pregava a não intervenção do Estado em setores econômicos. Essa não ação do Estado culminou na maior crise econômica do século até então vivenciada.
Hoje sabe-se que essa crise ocorreu não só devido ao sistema Fordista, mas também pela ausência do Estado naquele momento. John Maynard Keynes em seu livro Teoria geral do emprego, juro e da moeda já afirmava que, para os Estados Unidos saírem da crise era necessária a intervenção estatal no sistema econômico. E assim foi uma das soluções para a crise de 29.
Porém, o mundo não pôs fim ao Liberalismo, este agora viria de uma forma metamorfoseada, chamado de Neoliberalismo. A crise do petróleo de 1973 mudou o sistema de produção de vez implantando o Toyotismo e a produção Just in time nas fábricas. Ou seja, a mudança foi forte no setor produtivo, mas nem tanto no setor econômico pois o Liberalismo ainda persistia - mesmo que de forma diferente.
O setor produtivo começou a se expandir pelo mundo. A América Latina já estava preparada pra receber o Neoliberalismo, afinal, as ditaduras lá implantadas tiveram esse propósito. A produção se expandiu pelo mundo criando um sistema fragmentado, que busca por leis ambientais menos rígidas, salários baixos e mercado consumidor. Em países que não dispunham de tecnologias e que possuíam potencial consumidor (antigos subdesenvolvidos) foram feitas privatizações das estatais buscando a modernização dos setores energéticos e de telecomunicações, enfraquecendo o Estado e o deixando somente responsável - algumas vezes - pela indústria de base.
Demorou mas conseguiu-se o que os países centrais queriam. Países como o Brasil por exemplo, estavam com sistemas energéticos e de telecomunicações privatizados, funcionando. Podiam importar os produtos dos três eixos econômicos (EUA, Japão e UE) e exportar suas matérias primas eficientemente. A década de 90 foi muito boa para os países centrais, mas nem tudo que é bom dura para sempre. Os ataques terroristas do 11 de Setembro iniciaram a nova crise nos EUA e posteriormente no mundo. Os setores de aviação e turismo ruíram em instantes nos EUA. Por tabela muitos americanos perderam suas rendas e por isso não puderam pagas as hipotecas dos imóveis recém comprados e liberados para o mercado subprime. Esse evento tornou-se um efeito cascata em todo mundo. Bolças de valores despencaram a níveis alarmantes e a oferta de crédito no mundo todo caiu como consequência da crise.
É nesse momento que o título desse texto vem à tona. O Keynesianismo atua  de forma mais rápida do que atuou na crise de 29. O governo americano libera bilhões no mercado como forma de reaquecer a economia. Outra forma do Estado vencer a crise são as obras faraônicas. A construção civil tem o poder de reanimar a economia, afinal demanda muita mão-de-obra e produção de matérias-primas. Trabalhador com dinheiro na mão irá consumir e por tabela irá fomentar a produção nas industrias. No Brasil, para desviar a falta de crédito no mercado, o governo cria os Bancos Populares jorrando dinheiro na mão da população mais abastada de capital.
Atualmente a crise mundial ainda persiste, mas as ações do Keynesianismo - agora chamado de Neokeynesianismo - ajudam a superá-la. O Brasil tem três grandes diferenciais que podem ser muito bem aproveitados nesse momento colocando o país numa posição de destaque mundial. O primeiro é a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, que demandam obras que irão substancialmente mudar a estrutura das principais cidades brasileiras além de servirem como ações keynesianas contra a crise mundial. O segundo fator é o diferencial energético brasileiro despontando como um dos países de maior potencial na produção de energia limpa com o etanol, o biodiesel, a energia eólica e a hidroeletricidade. Por fim ainda temos a cartada final que é a descoberta do pré-sal, que poderá elevar o país como um dos maiores produtores de petróleo do mundo.
Em suma, temos tudo para fazer desse país um novo Brasil. Temos um amplo território, climas diversificados que ajudam diversos tipos de produção agrária, potencial energético, potencial hídrico e eventos mundiais que promoverão não só o desenvolvimento urbano mas também um sustentáculo para a crise mundial. O que precisamos agora é somente de vergonha nas nossas caras, para ao invés de lutarmos em torcidas organizadas de futebol, marchas da maconha ou coisas do tipo, lutarmos pelos pilares da sociedade que são: divisão de renda, reforma agrária, saúde e educação de qualidade.

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