A muito se fala que neste país não existe democracia. De certa forma este dito popular está correto. O Brasil é um país governado por um regime republicano, partidário e por que não dizer, segregador. Existe toda uma sistemática que impede a pluralidade ideológica no tocante à política. Em suma, uma minoria oligárquica se perpetua no tempo e no poder criando um governo voltado somente aos seus interesses.
Para entender como isso ocorre é preciso saber como funcionam os partidos políticos, afinal, são através deles que se chega ao poder. Um partido político é na teoria, uma união política formal de pessoas que tem uma mesma ideologia, e a seguindo, formam um plano para a sociedade. Pena que isso ocorra somente na teoria, pois na prática a realidade é bem diferente. Primeiro porque é preciso todo um aparato jurídico para se formar um partido político, e para se conseguir isto logicamente é necessário um alto nível educacional e organizacional destas pessoas integrantes.
Outro fator complicador no processo eleitoral do regime republicano é a necessidade de se investir capital nas propagandas políticas, pois estas, através da mídia, são um importante meio de se conquistar as massas. Logo, percebe-se que o pobre, produto da desigualdade social de uma nação capitalista, jamais conseguirá formar tal meio para se eleger e representar sua classe. Existem ainda atreladas a esse processo as alianças partidárias, que promovem uma desigualdade no tempo destinado no horário eleitoral para exposição de suas idéias. Quanto mais alianças um partido tiver, mais tempo lhe será dado para expor seus teóricos projetos, e assim, assimilar mais votos.
Sabendo desses fatos é possível concluir que apenas as elites capitalistas conseguem se organizar da forma necessária para elegerem seus representantes. Porém, ainda não foi abordado um aspecto nos partidos políticos, que é a forma como eles se apresentam em sua estruturação interna. Primeiro, pode-se dividir o partido em três grupos: O primeiro é formado por partidários comuns, ou seja, o povo de classe média que se afilia no intuito de conseguirem ascensão dentro do partido. O segundo grupo, a cúpula, é formada por uma minoria oligárquica, ou seja, a elite capitalista fundadora, e real parcela da sociedade que será beneficiada pelas ações do partido. O último grupo é formado pelos candidatos aos cargos políticos.
A relação entre os três grupos citados acima ocorre da seguinte forma: os partidários comuns não tem nenhum poder dentro do partido, eles simplesmente são manipulados de uma forma que acabam acreditando que suas votações internas realmente influenciam de alguma forma nos planos do partido. Ingênuo engano. A cúpula está acima de todas as decisões e irá escolher dentro do partido quem serão os candidatos aos cargos nas eleições. Os candidatos são pessoas especiais dentro do partido políticos. Existem fatores que determinam quem serão os candidatos, dentre eles, maior capital dentro do partido, simpatia para com a população, poder de persuasão, boa oratória etc. Muitas vezes o candidato é uma celebridade da mídia televisiva que nada entende de política, mas por ter destaque na sociedade se apresenta como uma boa opção para o partido.
Porém, caso ganhe a eleição, o candidato não terá poderes absolutos sobre o partido. Ele será o representante do mesmo, e estará diretamente subordinado às ordens da cúpula, que como sabe-se, é formada por banqueiros e grandes empresários. Ou seja, o candidato é uma mera figura ilustrativa no processo eleitoral no regime republicano. Ele funciona como uma marionete nas mãos da cúpula partidária e irá trabalhar para seus interesses.
Dessa forma, conclui-se que a democracia no sistema republicano é falha. Os partidos políticos são mais complexos do que se imaginam e formam um sistema segregador no tocante à ascensão de interessados em representar as classes sociais mais baixas. Sendo assim, o processo de geração de pobreza se perpetua na história, fulminando numa sociedade desigual e alienada, governada por oligarquias representadas por marionetes.
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