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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Desarmamento providencial



            Mais uma vez surge a discussão sobre o desarmamento no país. Essa discussão sempre surge quando ocorre algum fato polêmico que envolva mortes ou coisas do tipo. Porém, devemos analisar profundamente a verdadeira razão do governo em querer desarmar a população, pois, como já sabemos, o mundo da política nem sempre é tão claro como aparece na mídia de forma geral, principalmente em épocas como a atual.
            Primeiramente é preciso saber que qualquer governo em qualquer país do mundo nunca vai querer uma população armada. Isso é mais veemente em países que sofrem de graves desigualdades sociais, pois, sabe-se que a violência é ligada diretamente às desigualdades sociais, e, caso esta população queira lutar por melhorias contra o governo, esse confronto poderá ser armado.
            Logicamente esse é o fator primordial do governo não querer sua população armada. Uma população desarmada é uma população fraca, sem forças para lutar contra a opressão capitalista oriunda destes governos neo-liberais. Governos estes que, seguindo as leis maiores do capitalismo acabam por criar a divisão das classes. Mas, o Estado sabe do poder do povo, também sabe que o povo quando unido pode mudar as circunstâncias. O Estado teme o povo, e o povo precisa se fazer presente nas lutas contra a opressão capitalista, ou seja, precisa mostrar ao Estado que ele não é morto, e sim uma unidade viva, coesa, formada de seres de mentalidades independentes, porém, com ideais que visam a célebre frase estampada na nossa bandeira nacional.
            O medo do Estado é mais visível quando essa discussão ressurge na mídia, que, como sempre, faz muito bem seu papel de ludibriar os ignorantes, de tentar enganar a população menos esclarecida com argumentos dúbios de que, caso o desarmamento fosse realizado, essas tragédias poderiam ser impedidas. Ora, se em todos os casos em que ocorreram essas tragédias as armas eram ilegais, em que isso iria interferir no cidadão que tem a posse de arma legal para sua proteção, já que o Estado não consegue cumprir sua obrigação de servir a população com segurança pública de qualidade? Ao contrário do que a mídia diz, em países que existe desigualdade social (nosso caso), caso seja feita o desarmamento legal da população, isto seria somente o estopim para o mercado negro das armas crescer, afinal, os criminosos não deixarão de se armar caso as armas legais deixem de existir no país.
            Outro fator importante que devemos analisar nesse debate é o contexto histórico em que se encontra o país. Estamos em época de pleno desenvolvimento da economia. O Brasil desponta como uma futura potência petrolífera com o pré-sal. Estamos na época das Olimpíadas e da Copa do Mundo do Brasil. Este não seria o momento ideal para se lutar por justiça social? Afinal, a economia do país está crescendo, mas não está sendo feita divisão de renda como deveria. Os pilares da sociedade (educação, saúde e segurança) estão cada vez mais sucateados. Temos o eterno paradoxo econômico-social brasileiro atuando em seu ápice, e o governo sabendo disso mais uma vez ressurge com a discussão do desarmamento.
            Diante do exposto pode-se chegar a conclusão que, o governo, temendo o povo e seu poder de revolução, almeja desarmar o mesmo. Esta vontade do Estado é mais acentuada devido ao momento histórico do país, com eventos de repercussão mundial. O governo teme que sua imagem seja manchada caso ocorram revoltas nesse momento, pois isso enfraqueceria os ganhos com as Olimpíadas e com a Copa do Mundo. Por tabela, caso consiga o desarmamento, ainda terá em suas mãos uma população desguarnecida de potencial revoltoso, consequentemente, apática, mais do que já é.

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