Antes conversava-mos somente pessoalmente. Depois vieram
os sinais de fumaça, o telégrafo o telefone até chegar a internet. A
tecnologia tornou mais fácil do que nunca ficar em contato com outras
pessoas (pelo menos virtualmente). Mas serviços como Skype e Facebook
não garantem necessariamente uma boa conversa. Eles fornecem um espaço
virtual, o resto é com a gente. Você pode imaginar um ponto em que os
aplicativos vão dar um próximo passo, nos ajudando, cutucando-nos na
hora certa de falar, lembrando-nos da hora de calar a boca quando for a
hora de ouvir. Com o US+, o novo aplicativo do Hangout você pode ter um
gostinho do que é o futuro.
O aplicativo foi criado pelos artistas Lauren McCarthy e Kyle McDonald,
combinando algumas análises de expressão linguística e facial o
aplicativo monitora conversas de vídeo em tempo real. Você pode ver como
você está sendo hostil, ou positivo, ou honesto. Em determinados
intervalos o aplicativo vai lhe dar sugestões dizendo-lhe que você está
falando demais ou notar que seu interlocutor parece triste.
Ambos os criadores vêem o aplicativo como inevitável,
mas nesse momento o software ainda está voltado mais para explorar a
ideia de mediação algorítimica do que realmente mediar uma conversa de
forma significativa. "Embora esse aplicativo realmente funcione, fico em
dúvidas se uma pessoa com 10 minutos de treino de linguagem corporal
não detectaria esses detalhes mais rápido que o computador" diz McDonald.
"A linguagem corporal destacada traz a ideia de que
agente não vai ter a opção de ignorar estas sugestões em algum momento",
acrescenta. "Ou o sistema será tão preciso que não poderemos nos dar ao
luxo de ignorá-lo, ou será
tão rebuscado no modo como interagimos que nos sentiremos
desconfortáveis de viver sem ele". "Pense nisso como autocorreção do
seu smartphone com inteligência de nível da Skynet (do Exterminador do
Futuro).
Em ambos os casos , disponibilizá-lo nesta forma ainda imatura, pelo menos nos dá a oportunidade de pensar sobre as implicações.
"Esperamos que, se esperimentar-mos suficiente, logo no início, podemos
manter a perspectiva crítica antes que a tecnologia seja predominante",
diz ele.
Recentemente,
McDonald e McCarthy co- ministraram um curso chamado "Apropriando
Tecnologias de Interação" para o programa ITP da NYU . Foi
realizado com estudantes sonhando com maneiras mais inteligentes para
interromper as rotinas digitais e tecnologias comuns que usamos todos
os dias (um curso inovador).
Um estudante perguntou o telefones para estranhos na rua só para tirar uma foto de seu histórico de navegação. Outro
pediu aos amigos para ajudá-lo a descobrir onde comprar um café
usando apenas uma interface Street View em estilo virtual.
Em algum ponto McCarthy diz que a discussão do grupo voltou-se para o porquê. "Depois
que os alunos tinham saído e criado o caos através da introdução de
pequenas falhas sociais (usando tecnologia) todo mundo começou a
perguntar por que estamos fazendo isso, é apenas para fazer as pessoas
desconfortáveis ou há um ponto mais profundo?", lembra McCarthy. Mas
nesses casos e com US + ela acha que as interrupções podem oferecer
uma perspectiva diferente sobre as relações que temos com a tecnologia
e entre si.
"Com
o ritmo atual de desenvolvimento da tecnologia e da cultura não há
muito tempo para a contemplação no processo", diz ela . "Eu
acho que nós como artistas podemos contribuir para a conversação,
provocando as pessoas a participar com perguntas sobre que tipo de
futuro social que estamos construindo".
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